Reportagem

O «Grândola Aventura» passou com distinção!

O «Grândola Aventura», desafio turístico de navegação realizado nos passados dias 5 a 7 no litoral grandolense, foi a «exame»; o grau de satisfação dos seus participantes foi tão grande que lhe deram a nota de 9,35 (escala de 1 a 10); e esta classificação foi merecida, pois foi completamente «dominado» pelo rigor na atribuição das classificações e das penalizações, pelo cumprimento dos horários e pela postura cívica de todos os participantes, o que engrandeceu, naturalmente, a 1.ª edição deste desafio em terras alentejanas.
Fazendo jus à tradição no desporto automóvel, o distrito da Guarda esteve mais uma vez em destaque, ao fazer-se representar com três equipas que arrebataram o pódio por completo: a «Troop TT», da Guarda, a Carnes Rodrigues/Quebra Molas TT, de Trancoso e a Universo TT/Granitó, igualmente da Guarda, foram as formações vitoriosas neste acontecimento desportivo que foi aprovado com distinção, quer pelo participantes, quer pelas autoridades locais.

As verificações administrativas e técnicas decorreram entre as 16 e as 20 horas de sexta-feira, dia 5 de Setembro, e logo se apurou que os participantes tinham interiorizado o espírito do desafio, cumprindo os requisitos impostos pelo regulamento: a inclusão de um extintor por veículo, a caixa de primeiros socorros e outras exigências pouco usuais em acontecimentos deste tipo.
A organização, que esteve a cargo da «Associação Rota e Sistemas» em parceria com o Manolo, director da «Revista 4x4», e representante do «Sahara Aventura» em Portugal, contou com a preciosa colaboração da equipa organizadora da prova africana que, a convite destes, se deslocou ao nosso país para assumir, dada a sua longa experiência, a responsabilidade de controlar as partidas e as chegadas das 26 equipas participantes, formadas por dois veículos com tracção às quatro rodas e por 4 elementos; sete das 26 equipas eram oriundas do país vizinho.
A primeira etapa teve como ponto de partida o centro da vila de Grândola, junto ao moderno complexo desportivo José Afonso, onde esteve instalado o secretariado da prova. Com o simpático Jardim 1.º de Maio como pano de fundo, a partida teve início pontualmente às 8 horas (hora GPS), com as equipas a saírem de minuto a minuto.
As condições meteorológicas eram favoráveis: tinha chovido no dia anterior; o Sol mostrava-se, ao início da manhã, bastante tímido; o solo não estava completamente seco, o que de certa forma foi uma mais-valia para as equipas que tinham ao seu dispor um «road-book» com 47 «waypoints», um controlo obrigatório de passagem e um controlo obrigatório de foto para descobrirem.
O controlo de passagem obrigatório foi instalado entre as 11 e as 13 h no miradouro, junto à Capela de Nossa Senhora da Penha, situado a 248 metros de altitude; este local privilegiado oferece uma ampla vista panorâmica sobre a vila e a serra de Grândola. Foram muitos os entusiastas da modalidade que se deslocaram ao local para ver passar as «máquinas», incluindo várias caravanas de espanhóis que aproveitaram a realização do «Grândola Aventura» para conhecer a região.
O controlo de foto, obrigatório, tinha a peculiaridade de ocorrer no único local onde a foto captada não podia incluir os veículos. O «waypoint» localizava-se nas «Cistas Velhas», uma zona rural isolada numa meia encosta junto a um pinhal, antiga necrópole pertencente ao denominado universo do «Bronze do Sudoeste», com uma utilização que terá englobado uma cronologia relativamente longa, desde o séc. xv a.C. até, sensivelmente, ao séc. vii a.C. As «Cistas das Casas Velhas» atestam a ocupação do território durante a pré-história e revelam um conjunto funerário constituído por várias «Cistas» (o termo cista pode aplicar-se ao pote de pedra, cobre ou vidro que guarda restos humanos, ou ao local de enterramento), distribuídas num evidente recinto tumular mais abrangente. Este e outros «tesouros» arqueológicos e culturais deste lindíssimo concelho alentejano não foram esquecidos pelo «Grândola Aventura», que lhe procurou dar uma divulgação na perspectiva turística, dado que a grande maioria dos participantes eram oriundos de várias partes do país e também do estrangeiro.
A primeira etapa terminou junto à belíssima praia de Melides, considerada a praia com a maior extensão de areal do país e bem conhecida pelos praticantes de surf e bodyboard, que a partir das 16 horas recebeu e aplaudiu os participantes num autêntico ambiente de festa.
Durante o jantar, que teve lugar no restaurante «O Cruzamento», foram afixadas as classificações que apuravam a «Troop TT», da cidade da Guarda, de Filipe Ferreira e José António Pereira, Nuno Neta da Costa e Carlos Jorge Gonçalves, com a melhor prestação do dia, correspondendo a 1000 pontos. Em segundo lugar, classificava-se a formação do Clube Land Rover de Portugal, com 900 pontos, a fechar o pódio do dia, a formação de Trancoso Carnes Rodrigues/Quebra Molas TT, com 890 pontos, «ex aequo» com outra formação do distrito da Guarda, a Universo TT/Granitó. (Consultar o quadro de classificações). A diferença de pontos entre os primeiros e os do meio da tabela era tão reduzida, que se previa uma segunda etapa ainda mais renhida. Destaque-se a atitude cívica dos participantes, que em nenhum momento excederam os limites de velocidade. Recorde-se que nos trilhos esse limite era de 70 km/h e no asfalto se cingia ao imposto pelo Código da Estrada, podendo ser de apenas 50 Km/h nas localidades. As penalizações do dia tiveram como causa a circulação em estradas de asfalto, proibidas pelo regulamento, o atraso no controlo de chegada, e a ausência, quer no controlo de passagem, quer no controlo de fotografia obrigatória. Após a afixação das classificações, a organização recebeu 4 reclamações, prontamente analisadas e respondidas; em três delas a organização tinha razão e numa apurou-se a sua consistência das razões do participante (soma de pontos).
A segunda e última etapa teve o início e o fim no centro de Grândola. As expectativas eram muitas, os participantes estavam muito próximos uns dos outros em termos de pontuação, e equipas como a «Pinhel/Ericeira TT» ou a «All4x4/Proraid», apontadas por muitos como as grandes favoritas, vinham de uma prestação menos feliz na primeira etapa, pelo que não quereriam deixar os seus créditos por mãos alheias. Mas ambas as jornadas foram «madrastas» para a formação de Carlos Teixeira e João Carlos de Jesus, da Ericeira, Alexandre Faro e Paulo Dias, de Pinhel. Um dos Nissan Patrol «perdeu» o turbo por volta do meio-dia, hipotecando todas as hipóteses de uma boa classificação.
Por sua vez, a All4x4/Proraid «vingava-se» da primeira etapa, «puxava pelos galões» e vencia categoricamente a 2.ª etapa com 1000 pontos; seguiram-se-lhe as três formações do distrito da Guarda: a equipa da «Troop TT» resistia no quarto lugar, somava 930 pontos, e sagrava-se vencedora absoluta da primeira edição do «Grândola Aventura».
Em termos de penalizações, contabilizou-se no final da etapa três formações em excesso de velocidade, variando entre 101 e 113 km/h. Verificaram-se ainda duas desistências.
A cerimónia de encerramento teve lugar no restaurante «O Cruzamento», que albergou, e bem, durante três dias uma caravana de 130 pessoas.
Contou com a presença de Aníbal Cordeiro, Vice-Presidente da edilidade local e Vereador do Desporto, que em breves palavras enalteceu o trabalho em equipa, quer da Câmara Municipal de Grândola, quer da Comissão Organizadora da prova; salientou ainda a disponibilidade do concelho de Grândola para receber e apoiar acontecimentos desportivos que, tanto pela sua natureza, como pela credibilidade da organização, façam a sua promoção. Por fim, lançou o repto para que todos os presentes marcassem presença na próxima edição.

Mas que «Grândola Aventura»!

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